domingo, 6 de maio de 2012

Marinheiro

     Observo o crepúsculo esperando uma Lua que não há de vir, mas é apenas por ora. A Crescente se iniciará e nossa arte dançará iluminando cada vez mais as estrelas e entoando a orquestra de um mantra apaixonado. O horizonte intriga a forma do tão disforme planeta. Balançando, balançando. Piso na madeira que geme como um cão velho. Gostaria de cantar, abrir a boca e soltar um grito que percorreria todos os 7 mares em uma vibração única que faria com que todas as criaturas oceânicas saltassem para a superfície em um voo calculado em direção à quase-Lua. Balançando, balançando. E vou, vou entoar os mais belos cânticos ao mar para quem sabe pelas ondas te encontrar. Fecho os olhos e lembro-me da falsa lembrança que tenho de seus cabelos molhados escorrendo pelas tuas costas esculturais de pele macia, tão macia. A água [balançando, balançando] caminhando suavemente por teu rosto enquanto luta contra a gravidade desenhando seus lábios grossos, mais macios ainda. Beije o mar, para se encontrar em mim. Mas se não encontrar, vou deixar uma bandeira a deriva, encontre-a e a brisa me levará de volta para você. 

24.04.12 e 07.05.12

Tempo Meu


Preciso fechar os olhos
Necessito encontrar a definição exata desse eu que não sou
Careço de informações absolutas de mim
Preciso de teus lábios carmim

Necessito, talvez, de bocas disformes
Careço, quem sabe, de salivas quentes
Preciso, talvez, naufragar em teu fogo
Necessito, quem sabe, entrar no seu jogo

Careço sem o porém do após
Preciso da insensatez dos nós
Necessito da mutabilidade dos três
Careço de seu sorriso cortês

Preciso agora do depois
Necessito sem hora de nós dois
Careço daquele incrível clichê
[onde]
Preciso da imprecisa você

06.05.2012