quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Enfin l'obscène

      É Lua Cheia.
     Surgem peripécias inconstantes mais uma vez. Te despiria com meus olhos férteis mas... hoje não. Pelo menos não apenas com meus olhos. Levei-a para um quarto em algum hotel barato, fechei as portas intocáveis e observei meu reflexo embaçado no espelho acima da estante velha. Decidi sentir. Decidi fazer tudo o que evitava pensar, tudo o que se evita falar, fazer.
     Senti por trás seus braços me levarem até você, suavemente, como uma dança de orvalhos sobre uma folha na madrugada de uma quinta-feira. Dessa quinta-feira. Hoje. Não sinto o tempo passar, não sinto meu corpo, apenas a sinto. Teu cheiro inundando meu espírito imundo de displicências e pudores estúpidos que se esvaíram com uma só inspiração de seu suor terno.
     Minha mão esquerda gélida pelo frio ambiente navega por seus cabelos morenos que cascateiam entre meus dedos, a direita explora suas roupas que por ora parecem tão desnecessárias.
     Faço-a sorrir entre nossos beijos agora não tão suficientes para saciar aquela minha sôfrega fome de você. Dispo-a lentamente como quem desabotoa suas fantasias, suas dores e história. Minha boca percorre cada centímetro de sua epiderme quente, descendo como uma asa delta em um voo sublime.
     Senti teu sexo em minha boca pela primeira vez. Uma poderosa sensação de libertação de meus medos, anseios e inseguranças invadiu meu corpo e meus lábios ali fervorosos. Poucos minutos foram suficientes para uma extrema e quase completa exploração de nossas tintas. Teu final líquido enigmático me exacerbou as sensações. Enalteci seus músculos e ego com palavras e toques, que não durariam por muito tempo dentro daquelas paredes sujas de banalidade.
     Já disse Chico: “Teus seios inda estão nas minhas mãos”, e quem sabe ainda em meus mais profundos pensamentos...

08 dez. 2011